A torre e o vigia

Fravoline, Lalesca.

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O antigo vigia morava numa torre na beira do mundo, guardando as águas daquilo que habitava o poço sem fim. Era a torre de um antigo farol que não funcionava mais, assim o vigia ficava nas sombras, vigiando…

Alimentando-se de pequenos crustáceos que ficavam no pé da construção, dentes pontiagudos e afiados para partir exoesqueletos. Mãos e pés ásperos, cheios de calos para se locomoverem com maior precisão. A pele mofada devido à umidade, fungos tomavam braços e rosto.

O vigia ficava lá naquela torre na beira do mundo, nos protegendo daquilo que habitava o poço sem fim…

… às vezes, quando subo na casa mais alta dessa cidade, quando o Sol desce por trás do mar, posso imaginar que consigo ver (talvez) um ponto no horizonte, o pico da torre. E quando penso que ele está lá, o antigo vigia, me pergunto se não é dele que nos protegemos.

Se não é ele aquilo que habita o poço sem fim.

“The Eddystone Lighthouse in a Storm by a Full Moon” de William Turner.

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