A torre e o vigia
O antigo vigia morava numa torre na beira do mundo, guardando as águas daquilo que habitava o poço sem fim. Era a torre de um antigo farol que não funcionava mais, assim o vigia ficava nas sombras, vigiando…
Alimentando-se de pequenos crustáceos que ficavam no pé da construção, dentes pontiagudos e afiados para partir exoesqueletos. Mãos e pés ásperos, cheios de calos para se locomoverem com maior precisão. A pele mofada devido à umidade, fungos tomavam braços e rosto.
O vigia ficava lá naquela torre na beira do mundo, nos protegendo daquilo que habitava o poço sem fim…
… às vezes, quando subo na casa mais alta dessa cidade, quando o Sol desce por trás do mar, posso imaginar que consigo ver (talvez) um ponto no horizonte, o pico da torre. E quando penso que ele está lá, o antigo vigia, me pergunto se não é dele que nos protegemos.
Se não é ele aquilo que habita o poço sem fim.
